SOMBRA FUGITIVA

SOMBRA FUGITIVA
por Broto Verbo


Na imagem de nós que o espelho deveria reflectir,
apareces só.

O corpo que te abraçava há muito se ausentou.
Foi à procura da sua sombra,
que a passo longo e a galope,
se soltou da sua rédea…

Se a encontrar lhe direi
num tom trémulo de ameaça
(porque dela quero escolta),
que se me voltar a escapar,
comigo em mim não volta!

Queira ela isso não querer!
Faz-me falta que não se aparte!
Porque a sombra que de mim foge
torna-me nada em qualquer parte…



2 comentários:

heliz disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
dalion disse...

em tempos idos a minha expressão era a poesia. rascunhava sebentas pelos corredores poeirentos do teatro, enquanto os meus 'profs' me zurziam na cabeça perguntando-me afinal o que eu queria ser, actriz (escrito ao abrigo do não acordo ortográfico!), ou poetisa... sebentas muitas depois, provavelmente sem conteúdo nenhum que se lhe valesse a pena, mergulhei depois numa espécie de mini-minímos contos do absurdo, prosa sem glosa, de arrepiar cabelos a quem ama a literatura (como eu!).
fui apagando tudo quando entrou a era dos computadores, ora em blogues, ora em mostras de fotografia que acompanhava com esses minímos textos... restas algumas coisas soltas, a maioria delas perdidas no espaço frenético e desarrumado da web...

aqui fica um, que não sendo acompanhado à guitarra, foi-o com a fotografia que segue no link abaixo:

'horas mortas

e foi então que, num súbito entardecer pardacento, uma língua viva encalhou no cais junto aos mastros cujas bandeiras já estavam mortas. perdeu-se uma nação, grasnavam as gaivotas que já dominavam o idioma. mas nem o mar no seu balanço contínuo quis comentar. os heróis, ali ao lado, baixavam a cabeça nas sombras, perguntando-se a que horas se escrevia a história. uma mulher que fumava e se julgava ela mesma a fazedora de nuvens recortadas, não percebia que aquela hora tardia, o rumor das pedras, de cabelos de musgo oleoso, avisava que se pode morrer de uma facada às portas de qualquer rio que fatalmente se derrama no mar. devagar tudo silenciou, daquela forma estranha como quando o mar recua sem aviso. e ninguém ouviu o grito, ninguém presenciou o acto.'

'ohrbinah'

link da fotografia, ou coisa que valha:

http://olhares.aeiou.pt/horas_mortas_foto4588118.html