UMA CENA DE AMOR

UMA CENA DE AMOR
por Broto Verbo

O acre sabor do vinil que a pele açambarca,
confisca-lhe a boca lasciva num beijo devasso...
No toque macio da borracha que o excita,
despreza o embate do chicote que o espanca…
Amarra o garrote nos ferros da cama que range,
prendendo-lhe os pulsos com vil rebeldia e astúcia…
Na dança frenética que a loucura suscita,
desnuda o corpo que o domina e abranda…

Sela a marca das unhas na tez luzidia
com a saliva que corre da língua insalubre e faminta…
E no abrigo que se abre ao prazer libertino,
deposita-lhe o falo que a açoita, desanca e fustiga…

Firme, abocanha-lhe os seios com tenacidade,
deixando os mamilos ensanguentados e tesos…
No pescoço rosado que aperta e com força estrangula,
traça o destino que ali logo se agiganta…
Sente no cóccix a lava pronta a ser expelida,
numa erupção eminente, branca e viscosa…
E nos lábios carnudos, mordiscados e entreabertos,
jorra o deleite divino que o expurga e liberta…

Sela a marca das unhas na tez luzidia
com a saliva que corre da língua insalubre e faminta…
E no abrigo que se abre ao prazer libertino,
deposita-lhe o falo que a açoita, desanca e fustiga…


BROTO VERBO: letra, vozes e música
Tema incluído na maquete "Na Tua Língua Meu Alívio de Dor"








INIMPUTÁVEL

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INIMPUTÁVEL

por Broto Verbo

Quem me apagou a luz e se serviu deste escuro breu
para me entrar alma adentro,
arrancando de mim tudo aquilo que um dia fui eu?
Quem me apartou da vida e se acercou do lugar deixado,
pintando de noite o dia, que em mim vivia,
e me deixou na penumbra ancorado?

Vândalo em mim que mora,
descontrolo mordaz e cruel,
marioneta nas mãos assombradas,
de uma força qualquer que em mim está sem eu querer...

E se adormeço assim neste acordar sobressalto e não volto,
para em mim renascer,
expulsando este vírus que outros muitos de mim me fazem parecer?

(sou) Inimputável...

As barbáries que me viste fazer,
não fui eu que as cometi!
Embora fosse o meu corpo o carrasco que as fez suceder...

Quem se faz passar por mim dizendo que sou eu sem eu ser?
Afinal que maldade me fiz?
Eu ou eu?
Qual de mim estou a ser?

E não há cela que me abrace num retiro!
Não há recluso a quem eu faça companhia!
Não há juiz que me decida uma clausura!
Estou preso nesta liberdade que me adia...


BROTO VERBO: letra e vozes
MIKROBEN KRIEG: música
Tema incluído no disco "Final Cut" de Mikroben Krieg
Edição: Thisco, 2010



Mikroben Krieg & Broto Verbo - Inimputável