BROTO VERBO - Na Tua Língua Meu Alívio de Dor



BROTO VERBO
NA TUA LÍNGUA MEU ALÍVIO DE DOR

2007/2008/2009 Esfíncter Records

01 ALCOVA EM BRASA
02 NEFASTO SISTEMA
03 CRUDE ESPESSO
04 CÃO DA MORTE
(MÃO MORTA)
05 VIVO, MAS MORTO
06 SACO VAZIO
07 CRÓNICA DE UM SUICÍDIO ANUNCIADO
08 MALDITA TEIA
09 EM TEU SONHO ACORDADO
(ODE FILÍPICA)
10 AMORÓDIO
11 CARTA DE APREÇO
12 ALCOVA EM BRASA
(ESC REMIX)
13 CARTA DE APREÇO
(DEADBOY REMIX)


No link em baixo podem descarregar gratuitamente 13 músicas de Broto Verbo, entre as quais encontram-se versões de ODE FILÍPICA e MÃO MORTA, e ainda remixes a cargo de ESC e DEADBOY. Aqui não há mais que a pretensão de partilha. Se gostarem fico feliz (e sentir-me-ei recompensado), se não gostarem não fico triste. As letras estão (quase todas) no myspace de BROTO VERBO

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AMEAÇO


AMEAÇO

por Broto Verbo

Perdi a paciência!
Arredem-se porque as palavras de hoje são arremessos bélicos
tão poderosos como as demandas a que me obrigo!
Fujam! Porque se vos ponho a mão em cima
nem sei o que vos faço!
Estou o terror em pessoa, e se passarem por perto
não ousem sequer olhar-me!
Alguém me disse que de hoje não passo!
Oxalá esse alguém esteja errado e que não passe de um vão ameaço!
Se amanhã me virem vivo, sereno e a compasso,
é porque não foi mais que um embuste!
Por muito que isso vos custe…


RESGATE


RESGATE

por Broto Verbo

Será que eras tu que estavas aqui mesmo
consciente e de plantão à minha espera?
Será que era eu que te queria aqui
tendo a certeza que de mim eu não mais queria?
Nesta estrada eu já só via o caminho de encontrar
a bruma para me perder...
Nesta vida eu não mais queria que não fosse repousar
num brando indolor morrer…

Terá sido um mero acaso?
Terá sido uma quimera,
o teu olhar lançar-se assim apoderando-se do meu?

Numa conquista de prazer provei teus lábios em delírio,
e em delírio assim fiquei.
Queria mais e mais eu queria
queria tanto e cegamente,
que no desejo me quedei!
E se na morte eu quase estava,
agora é que não me lá quero,
mesmo que não sofra nada!

Quero viver junto de ti,
aconchegado no teu peito que amamenta o meu sonho,
e me faz crer na descendência, que é fruto do nosso coito,
e nos dará continuidade…

Terá sido um mero acaso?
Terá sido uma quimera,
o teu olhar lançar-se assim apoderando-se do meu?

Quão puro quero dar-te este veneno
que é o amor que me infecta!

(tu… que me salvaste com teu resgate…)

Diz-me amor, mas diz-me de verdade,
se me queres sempre assim a querer-te sempre tanto?
Diz-me amor, mas diz-me de verdade,
que feitiço me puseste que me deixa nesta encanto?


ELECTROCUTA-ME


ELECTROCUTA-ME
por Broto Verbo

Vejo lá longe, no alto de uma serra,
um aglomerado de chapa numa aldeia perdida…
À volta de uma fogueira de labareda alta, dançam homens,
entrelaçados como uma roda dentada no esplendor da sua precisão.

Batem os pés como martelos, calcando o saibro no solo,
criando um som abafado que se ouve entre os vales desnudados,
de vegetação rasteira, afugentando raposas,
e apavorando as lebres em debandada…

Ouço o rufar de mil bigornas no ar!
Jorra o vinho no banquete que se pôs à volta da folia!
Chamamento de hostes e aficionados!
Exorcismo de uma dança sazonal,
estranha, sincopada, minimal…
Baile de cores cinza.
Monocromia em combustão.
Exército de corpos na partida de chegada alguma…

Inicia-se assim um combate feroz,
entre o tempo que da vida nos tirou,
e o tempo que nos finda no horizonte.

Electrocuta-me e ressuscita-me!

A ferrugem da máquina que pulsa no meu seio,
já se fundiu na pele quebradiça que me abraça.
Ainda sou carne, ou já sou ferro?
Corre em mim sangue, ou já é óleo?

E antes que o sol nasça e eu inche de novo,
molha-me e liga-me à corrente.
Electrocuta-me e ressuscita-me!
Quero-me de novo a sentir…


Hino do Festival de Música Industrial "Elektrocution : Resurrection"
realizado em Agosto de 2009, na aldeia de Maria Gomes
situada nas serranias de Pampilhosa da Serra

FOGO EXTINTO


FOGO EXTINTO

por Broto Verbo

Que poema de amor escreveria,
se ao escrever amasse o que de mim verdadeiramente sinto?

Mas como me posso eu amar se me desconheço?
E odiar, então sendo, tão pouco me posso!
Agonia esta que me sova a de mim nada saber,
condenando-me a viver defunto de mim mesmo…