CROCODILO

CROCODILO
por Broto Verbo

São de quartzo as que em mim há,
e lapidadas a diamante.
São ferozes como cascatas,
cíclicas como as marés.
São como cânticos de asfixia,
são como ordens por decretar.
São suspiros calafetados,
são enigmas por decifrar…

São lanças as que em mim há,
e debruadas a alfinetes.
São a voz do corpo inerte,
a matéria que de mim cheira.
São como angústia em desatino,
são como normas a desregrar.
São condutas que se desdenham,
são impulsos por dominar…

São de ácido as que em mim há,
e de sabor a coisas mil.
São o desfecho da matemática,
ateísmos da humanidade.
São como cárceres de toda a história,
são como sentenças de várias razões.
São a celeuma das utopias,
são a ciência das convulsões

São bugigangas as que em mim há,
de pechisbeque paquistanês.
São a cólera das ironias,
o complexo das indecisões.
São como metáforas do cepticismo,
são como embustes da realidade.
São vasto antro libertino,
são fátuo fogo de leviandade.

Estas lágrimas...
de crocodilo.

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